sábado, 20 de setembro de 2008

Abacaxi tipo exportação

Outro dia me surpreendi num supermercado, com dois abacaxis. Um embalado com rótulo, sinalizando para o fato do abacaxi ser doce e com qualidade para exportação. Num outro setor de frutas, uma promoção de abacaxi sem rótulo e sem nada indicando se era doce ou azedo, não interessa, pois esse é para nós consumirmos. Cheguei em casa com os dois abacaxis reclamando, e minha filha aparece e pergunta o que houve, quando eu relatei, ela diz "você não sabia que isso acontece com outras coisas também, minha mãe, e eu pensando que era alguma coisa séria".
Então, desde lá, fico pensando no tal abacaxi tipo exportação e venho me perguntando, se nossa cultura tem tudo a ver com essa de exportar produtos de melhor qualidade e deixar o resto, geralmente de péssima qualidade, para o povo brasileiro consumir. Parece que isso já não surpreende muito as pessoas, como me surpreendeu. Eu já tinha ouvido falarem disso, muitas vezes comentários revoltados com essa grande injustiça, mas eu imaginava que era exagero ou outra mania da gente falar mal e reclamar de tudo. E de repente o que é "natural" é revoltante. Vamos parar um pouco agora e pensar: Que outras situações a gente vivencia, muitas vezes reflexo dessa cultura embrutecida em que prevalece o obscurantismo?

8 comentários:

educarparapaz disse...

Frutas, legumes, verduras e o próprio café comercializado nos grandes mercados são de qualidade questionável sim. Entretando, o mesmo empresário manda para o exterior produtos com baixa quantidade de agrotóxicos, sem qualquerr tipo de dano, doce... Algo precisa ser feito sim. Este espaço já é um começo.

Socorro Sarkis disse...

Acredito que a conscientização, algumas vezes até do óbvio...é importante! E é isso que podemos fazer neste espaço.
Essa do baixo teor de agrotóxico eu nem tinha pensado,isto é grave, um descaso com a nossa saúde.

Samuel disse...

Oi Sarkis, que legal que voce tem este blog, hein?

Pois sim, essa questao dos alimentos muito me preocupa. Imagina a gente que compra tanta coisa e come tanta coisa sem saber sua origem, as condicoes onde foram criadas, se existem agrotoxicos, quimicos..... a gente simplesmente nao sabe nada e infelizmente continua a consumir, afinal, temos que comer.

Com essa questao de producao em massa, a qualidade pode estar prejudicada e o individuo perde seu valor de decisao, permanecendo à parte ou diminuto....

Matheus Galvão disse...

A idéia de mandar o que é melhor pra o exterior vem de lá de trás quando os ''portugas''- aqueles que a gente adora fazer piadinhas-, muito espertos levavam o que era bom e deixavam o que era de má qualidade. Pois é rimos dele nas piadas, e eles recebem o que é bom- riem da gente.

VÍTOR SOARES disse...

Olá querida Professora! Há muito tempo tenho o Andrey (um menino muito inteligente que tem a honra de ser seu aluno) como meu amigo virtual, batemos altos papos a distância e num dia desses ele comentou sobre este seu blog. Lamento que a cultura brasileira ainda tenha os velhos hábitos de colonizados, onde passamos o que temos de melhor para os outros e ficamos com o resto ou outro produto de qualidade inferior. Na minha cidade temos uma mineradora que se apossou do terreno e tomou o espaço dos garimpeiros, esta mineradora leva o que é nosso, remetendo tudo para o Canadá! Analisando temos vários outros exemplos próximos a nós. Debater sobre este velho hábito da cultura brasileira nos dá a possibilidade de oferecer aos leitores deste blog a refelexão! Será que é certo, oferecer o melhor e ficar com o pior? Pense nisso!

Socorro Sarkis disse...

Continuando o drama do abacaxi! Vamos ao café tipo exportação.
Estava eu comentando sobre o motivo da criação deste blog, com uma colega de trabalho quando esta perguntou-me, curta e objetivamente: "Já experimentou o café tipo exportação?"...
Nem precisou falar mais nada. E a mesma surpresa que eu tive com o abacaxi, foi renovada com o café, visto que eu sou uma apreciadora da referida bebida!

ST CAETANO disse...

Em se falando de abacaxi tipo exportação, quando estive realizando um curso no RS, pude conhecer uma plantação de maçãs, tudo muito bonito e bem cuidado.
Lá pelas tantas fomos levados por um agrônomo para uma área de "tratamento para exportação", eu, um reprentante tupiniquim me deparei com trabalhadores atuando em cachos do fruto, onde estão 4 ou 5 maçãs, pasmem, eles retiravam 3 ou 4 frutos ainda verdes e restava do grupo somente um exemplar, que era protegido com uma espécia de bolsa, para evitar pragas e manchas. Então, essas frutas pequenas e bem azedas que comemos são irmãs daqueles belos exemplares vermelhos e brilhantes, que vão para o 1º mundo.

Unknown disse...

O problema todo está no mercado internacional altamente competitivo. Os produtos nacionais para fazerem frente aos concorrentes internacionais, tem que ter uma qualidade superior aos que consumimos normalmente aqui no Brasil. Ou seja, nós brasileiros nos contentamos em comer alimentos de má qualidade e nos acomodamos. É assim com a política, com o voto e com os políticos, onde temos o que tem de pior dessa classe. A gente de "boa qualidade" emigra espontaneamente para o exterior.