terça-feira, 21 de outubro de 2008

É por aí...

Borracha de pneu velho vira piso ecológico.

O Brasil produz cerca de 50 milhões de pneus por ano. O IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo, afirma que 22 milhões, praticamente a metade, são trocados a cada doze meses. Cerca de 55% deles são considerados inservíveis. Não podem mais ser reformados.
Daí a importância de inventar produtos como estas placas de borracha, mais comuns no exterior do que aqui. Estas são feitas de forma artesanal, manualmente, nesta pequena fábrica em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Flocos e fibras de borracha, também chamados de raspas, são resultado da moagem principalmente de pneus que já rodaram muito pelas ruas do país. E de aparas que sobram da fabricação de calçados.
Entrevista com Marcos Moura -Dono da Fábrica:
" Se você consegue aliar, como eu já falei, o respeito ao meio ambiente e tirar coisas que estão sendo colocadas por aí para aproveitar isso de forma a não criar novos detritos, eu acho que tá conseguindo unir o útil ao agradável. Vou ganhar um pouco de dinheiro, fazer o lucro necessário para a empresa e vou contribuir com o meio ambiente".
Na fabricação das placas também entra esta resina pigmentada, para dar cor e liga. O desafio é conseguir achar uma resina solúvel em água e não de base oleosa como esta que ofereça as mesmas características. Mas o dono da empresa afirma que o processo praticamente não gera resíduos. Segundo ele, cada metro quadrado de placa de borracha utiliza cerca de três pneus, que deixam de ir para aterros sanitários, lixões ou rios de cidades brasileiras.
Entrevista com Marcos Moura- Dono da Fábrica
"Aqui tem a linha de placas que a gente fabrica, várias utilizações. Essa é uma placa que tem bastante resistência, muito densa, se usa para calçamento de ruas. Esta placa tem um grão um pouo maior. A grande utilidade dela é a absorção do som, barreira acústica. Aqui tem uma placa mais macia, mais flexível, que a gente usa para absorção de impacto em playground. Essa placa é feitapara canil, tem um grão maior, permeável, não desenvolve fungo, é fácil de lavar e o animal fica sempre sequinho. Isso aqui é o que a gente chama de coroas, são coroas colocadas na volta dos arbustos, permite a passagem de água, luz, nutrientes. Prá mostrar a permeabilidade a gente faz o teste aqui e agora. Bota água e vê sair 100% embaixo. "

Piso de Pneu/ Empresa Ciaform
R. Lua Crescente, 122 - Fazendinha - Santana do Parnaíba/SP
tel:(0xx11)41561342

Autor:
Editora-Chefe: Vera Diegoli. Reportagem:Cláudia Tavares. Pauta:Marici Arruda: Imagens Alexandro Forte. Auxiliar de Câmera: Carlos Jardim. Produtor Executivo:Maurício Lima. Edição de Texto:Mariene Pádua.

sábado, 20 de setembro de 2008

Abacaxi tipo exportação

Outro dia me surpreendi num supermercado, com dois abacaxis. Um embalado com rótulo, sinalizando para o fato do abacaxi ser doce e com qualidade para exportação. Num outro setor de frutas, uma promoção de abacaxi sem rótulo e sem nada indicando se era doce ou azedo, não interessa, pois esse é para nós consumirmos. Cheguei em casa com os dois abacaxis reclamando, e minha filha aparece e pergunta o que houve, quando eu relatei, ela diz "você não sabia que isso acontece com outras coisas também, minha mãe, e eu pensando que era alguma coisa séria".
Então, desde lá, fico pensando no tal abacaxi tipo exportação e venho me perguntando, se nossa cultura tem tudo a ver com essa de exportar produtos de melhor qualidade e deixar o resto, geralmente de péssima qualidade, para o povo brasileiro consumir. Parece que isso já não surpreende muito as pessoas, como me surpreendeu. Eu já tinha ouvido falarem disso, muitas vezes comentários revoltados com essa grande injustiça, mas eu imaginava que era exagero ou outra mania da gente falar mal e reclamar de tudo. E de repente o que é "natural" é revoltante. Vamos parar um pouco agora e pensar: Que outras situações a gente vivencia, muitas vezes reflexo dessa cultura embrutecida em que prevalece o obscurantismo?